Soubesse eu
pôr o coração em palavras. Soubesse eu sentir por letras, esvaziando o meu íntimo
para um pedaço de papel, transferindo cada dor e cada lágrima por lápis,
apagando-as com um simples passar de borracha.
Fosse a vida
uma tela, bania todos os tons cinza e todas as suas misturas, do meu quadro mal
pintado. Sobrepunha cor a cada traço mal colocado e recortava arestas mal
limadas.
Sentisse eu
por melodia, afinaria cada corda e tecla, extravasando-a de ritmo e calor, pondo
um fim às notas melancólicas e sombrias.
Mostrasse o
tempo a minha alma, construía pontes sobre as enchentes, e largos guarda-chuvas
para proteger o que tenta sobreviver aqui dentro.
Sendo apenas
humana, faço por aceitar os abismos que a vida me põe à frente para superar.
Crio rios de esperança nos quais me possa boiar, e leitos de força aos quais me
possa agarrar.
Sendo eu
apenas humana, aceito que também apenas o sejas; que em parte te tenha posto
uma carga demasiado grande de expectativas mal colocadas aos ombros,
impossibilitando-te o teu direito de seres imperfeito por vezes, na escalada da
tua montanha.
Sendo
humanos, espero que um dia compreendas o quão perfeito é a junção de um papel e
de um lápis. Que embora sejam tão diferentes na sua estrutura, são esculpidos
do mesmo e criam histórias. Que aceites que é necessária água para a tinta
fluir em tela, criando mundos. Que aprendas que é preciso tempo e dedicação
para tocar a mais bela melodia em qualquer instrumento, criando momentos. Que te rendas ao facto
de o tempo não ser controlado por nós e de termos que saber ajustar as nossas vidas
a cada estação do ano, seja primavera, seja outono.
Que finalmente repares que
por cada folha caída, uma flor leva o seu tempo a nascer.
Um comentário:
"Por mais dificil que seja o problema nunca cruze os braços, pois lembre-se que o Maior Homem do mundo morreu de braços abertos." Nunca desistas daquilo que realmente amas."
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